Por que as crianças mordem? Como lidar com a fase das mordidas? O que fazer quando meu filho é mordido?
Veja as dicas dos especialistas para saber o que
fazer quando seu filho chega em casa com uma mordida ou quando você
recebe a queixa de que ele mordeu alguém.
A mordida também é uma forma de comunicação
O coleguinha de classe não quis dividir o brinquedo? Nhac! A mãe está
grávida de um irmãozinho? Nhac! Ninguém dá a atenção exigida? Nhac!
Mais
do que uma reação de raiva, as mordidas dadas pelas crianças pequenas,
com até 2 ou 3 anos de idade, são uma forma de comunicação e de
expressão de sentimentos. "Nessa primeira etapa da vida, a criança
ainda não domina a linguagem. Então, a forma que ela tem para se
expressar, para se comunicar e interagir com os outros é pelos meios
físicos, como morder, bater, puxar o cabelo", explica Marilene Proença,
membro da diretoria da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e
Educacional (Abrapee) e professora do Instituto de Psicologia da
Universidade de São Paulo.
O fato de as mordidas fazerem parte de
uma fase do desenvolvimento das crianças não significa que elas devem
ser ignoradas ou aceitas pelos pais. Conheça abaixo um pouco mais sobre
essa fase e veja as dicas dos especialistas para saber como lidar quando
seu filho é a vítima da mordida ou quando é o autor da dentada em um
coleguinha da escola ou mesmo em um adulto.
Para ler, clique nos itens abaixo:
- Por que as crianças mordem?
- Enquanto ainda não sabem falar
com desenvoltura, as crianças utilizam outros meios para se expressar e
para se comunicar. A mordida é uma delas. "As crianças na idade oral
ainda não verbalizam com fluência e a linguagem do corpo acaba sendo
mais eficaz", diz Rosana Ziemniak, coordenadora de Educação Infantil do
Colégio Magister, de São Paulo.
"Nessa fase em que as crianças ainda não têm domínio da fala, as
manifestações corporais são usadas para manifestar descontentamento,
alegria, descobertas", diz Marilene Proença , membro da diretoria da
Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (Abrapee) e
professora do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo.
Rosana Ziemniak acrescenta: "O que a criança deseja ao morder um
amiguinho não é agredi-lo, mas sim obter de forma rápida algum objeto ou
chamar atenção".
As mordidas, segundo Marilene Proença, são usadas em situações diversas,
e a criança vai avaliando quais os efeitos que as mordidas
têm: "A criança morde e depois vê o que acontece. Por exemplo, se ao
morder ela consegue o que quer, qual é a reação do outro", comenta
Marilene. -
- O que é a fase oral?
- Segundo
Rosana Ziemniak, coordenadora de Educação Infantil do Colégio Magister,
de São Paulo, a fase oral - assim denominada pelo pai da psicanálise,
Sigmund Freud - é uma etapa do desenvolvimento que vai do nascimento até
por volta de dois anos de idade. "Nessa fase, é comum vermos crianças
dando mordidas ao primeiro sinal de estresse. Este é um dos mais
importantes e mais primitivo estágio do desenvolvimento infantil,
quando a criança ainda é egocêntrica, ou seja, acredita que o mundo
funciona e existe por sua causa", explica Rosana. "Sendo assim em sua
concepção, tudo que deseja deve ser prontamente atendido e, quando isso
não ocorre...nhac!", diz a coordenadora, acrescentando que nessa idade
as necessidades, percepções e modos de expressão da criança estão
concentradas na boca, lábios, língua e outros órgãos relacionados com a
zona oral.
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- Como as crianças aprendem a morder?
- As
crianças não nascem sabendo dar mordidas, assim como não nascem sabendo
dar tapas ou puxar o cabelo. Quem ensina as crianças a morder, beliscar
ou a bater são os próprios adultos e as crianças mais velhas, conforme
explica Marilene Proença, membro da diretoria da Associação Brasileira
de Psicologia Escolar e Educacional (Abrapee) e professora do Instituto
de Psicologia da Universidade de São Paulo. "Essas ações se aprendem na
relação com outras crianças, com os adultos. Os adultos têm esse tipo de
brincadeira, dizendo "vou morder você, vou apertar sua bochechinha". A
criança assiste a essas formas de comunicação e a partir daí vai usando
esses meios para se comunicar também" diz Marilene.
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- Em quais situações as crianças mordem?
- Várias
situações podem levar a criança a morder. "Em uma classe na escola de
educação infantil em que a professora está grávida, por exemplo, pode
haver um sentimento nas crianças de perda ou de abandono, em vista do
bebê que vai chegar. O mesmo em casa, se a mãe está grávida do
irmãozinho", comenta Marilene Proença, da Abrapee, Outras situações
citadas por ela são a mudança de sala na escola, a disputa por um
brinquedo ou mesmo pela atenção de outras pessoas.
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- Como lidar quando a criança morde?
- Quando
a criança morde outra pessoa, é importante a mediação de um adulto,
para fazer com que ela reflita sobre o que fez e para que entenda que há
outras maneiras de conseguir o que deseja. "O adulto deve mostrar à
criança que há outros meios de expressar-se ou de conseguir o que se
quer. Pode-se dizer, por exemplo: 'se você não gostou do que ele fez,
vamos dizer isso a ele', ou 'você quer o brinquedo? Então vamos pedir o
brinquedo'", diz Marilene Proença, membro da diretoria da Associação
Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (Abrapee) e professora do
Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo.
A
especialista afirma que o adulto deve mostrar à criança que a linguagem é
a forma certa de se obter as coisas. "O papel do adulto é transformar a
atitude corporal em uma atitude mediada pela linguagem. Esse é um
grande objetivo da educação, tanto na escola quanto em casa", explica
ela. Quando esse ensinamento não é dado logo cedo, as crianças crescem e
mantém as atitudes corporais para conseguir o que querem. É o que se vê
quando crianças mais velhas se atiram no chão e fazem escândalo quando
são contrariadas. -
- O que fazer se o seu filho for mordido por outra criança?
- A
mordida é sempre uma situação difícil para os pais de ambas as
crianças, diz Rosana Ziemniak, coordenadora de Educação Infantil do
Colégio Magister, de São Paulo. "Os pais da criança mordedora sentem-se
envergonhados e os pais da criança mordida ficam chateados pelo
machucado do filho. Cabe à escola mediar as relações entre as crianças e
seus familiares para minimizar os sentimentos negativos e criar
situações para estabelecer limites, mostrando a importância do respeito e
do tratar bem o amigo que ficou triste por ter sido machucado", diz
Rosana. Ela acrescenta que tanto a escola quanto os pais devem
aproveitar essas situações para ensinar à criança as regras de
convivência.
Marilene Proença, da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e
Educacional (Abrapee), concorda e diz que os pais não devem aceitar a
ocorrência da mordida como uma coisa rotineira. "O ideal é procurar a
coordenação da escola, dizer que isso não pode acontecer e procurar
entender o que houve para gerar essa situação", comenta ela. Rosana
Ziemniak acrescenta que a criança mordida deve ser acolhida e
incentivada a expressar seu descontentamento, porém nunca deve ser
incentivada a revidar, ou seja, a morder também. -
- Há casos em que a mordida pode ser sinal de que a criança está com problemas?
- "Apesar
de, na maioria das vezes, a mordida fazer parte do desenvolvimento
natural da criança, em alguns casos, este comportamento pode sinalizar
um problema de ordem emocional", diz Rosana Ziemniak, coordenadora de
Educação Infantil do Colégio Magister, de São Paulo. "Se estas mordidas
passam a ser frequentes, a criança pode estar insatisfeita, ansiosa, com
sentimento de rejeição ou tentar chamar a atenção através da
agressividade. Quando isso acontece, a família e a escola precisam
acompanhar de perto e com atenção para descobrir as possíveis causas e
dependendo do caso, é importante buscar a ajuda de um psicólogo",
explica ela, acrescentando, porém, que os casos de ordem emocional não
são em si a maioria.
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- http://educarparacrescer.abril.com.br/comportamento/fase-mordidas-686656.shtml?utm_source=redesabril_educar&utm_medium=facebook&utm_campaign=redesabril_educar&
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